sexta-feira, 31 de maio de 2013

4 anos em um texto

         Criei esse blog há quase 4 anos atrás por intermédio de uma amiga que também tinha criado um. Ela me encorajou a criá-lo e no começo não sabia muito bem o que iria fazer com ele. Sempre gostei de escrever mas isso não significa(va) que escrevia bem.
        Conforme o tempo foi passando, me habituei a vir aqui quando precisava desabafar. Escrevia sem medo de ser julgada, porque sabia que o que escreveria aqui ninguém iria ver. Não foi bem assim que as coisas aconteceram. Pessoas que nunca conheci começaram a ler meus textos e comentá-los. Devo confessar que fiquei muito surpresa, não só porque havia alguém que se interessava por eles mas principalmente, porque as pessoas gostaram do que eu escrevia. Isso me fez continuar. Eu sabia que quando desabafava, encontrava também pessoas que já sentiram o que eu sentia, que me entenderiam.
         Olhando hoje pra todas as coisas que escrevi, percebi que sempre falei muito dos meus sonhos e da minha vontade de mudar. Em relação a mim e a minha vida, poucas coisas mudaram. Entretanto, essas pequenas mudanças foram significativas. Em relação aos meus sonhos, se você deseja saber, eu consegui atingir alguns!
        Posso resumidamente, contar o que me aconteceu nesse meio tempo. Ano passado (2012) foi bastante
conturbado. Tinha decisões a fazer, pessoas a convencer e tinha também o vestibular. Nunca pensei que a faculdade fosse algo que eu pudesse fazer parte. Ninguém na minha família se graduou. Faltaram-lhes oportunidades, dinheiro, tempo. Sendo assim, por que as coisas seriam diferentes para mim? Me perguntava isso, o tempo inteiro. No segundo ano do Ensino Médio, com toda aquela agitação de ir para o terceiro ano, comecei a pensar diferente. Em 2013, já no terceiro ano, encontrei o curso que para mim era perfeito e amigos(as) maravilhosos me encorajaram a prestar o vestibular. Me inscrevi e estudei com o maior afinco do mundo.
       Em Maio, passei por peripécias sufocantes. Meu avô sofreu um infarto e ficou quase um mês no hospital. Vi tudo, escutei ele gritando que sua hora havia chegado enquanto ligava para a ambulância. Era uma madrugada fria e eu nem sequer sentia frio. Aquela altura, eu já nem mais sabia o que estava fazendo. A ambulância chegou, ele foi atendido e ficou na UTI. Não falava, não abria os olhos, respirava com a ajuda de aparelhos. E foi assim durante todos os dias em que ele ficou lá. Eu não o visitei. Primeiro porque não gosto de hospital e segundo porque não suportaria vê-lo daquela maneira. Só o vi em seu enterro.
       Quando chegamos ao cemitério no dia 16/06, eu também não queria encará-lo. Mas avistei-o sem querer, lá do corredor. Até então, a ficha não tinha caído e quando o vi, meu mundo desabou. Senti uma raiva que nunca havia sentido antes. Raiva dele, de Deus, das pessoas que ficavam me abraçando e me pedindo pra ter calma, da minha Vó que chorava lá dentro da sala e de mim por me sentir impotente. Nunca perdi alguém tem próximo e nunca vi alguém morrendo em minha frente. Dei um tempo pra mim mesma, me afastei da sala e coloquei meus pensamentos em ordem.
       Era tanta coisa passando pela minha cabeça, tanto frio, tantas perguntas. Eu me sentia sufocada pelos meus pensamentos, meu choro, meu nervosismo. Porém, me aproximei da porta, sentei no banco próximo
dali e aos poucos fui tomando coragem e olhando para o meu Vô. O seu velório, apesar de tudo, foi lindo. Pudia sentir que ele estava ali ainda e que estava contente por ir embora. Me convenci disso a cada vez que alguém que o conhecia entrava na sala para se despedir. Enterrá-lo e deixá-lo foi a pior parte, mas eu o acompanhei até o final.
        Por causa do que aconteceu e por me sentir esgotada, pensei em desistir do vestibular. Não fiz isso. Meu avô, quando estava vivo, perguntava-me a respeito das provas, dos estudos e sempre falava que eu conseguiria. Continuei por ele e para ele. Passei na primeira fase e também na segunda. Um tempo depois que maratona terminou e quando estava apreensiva acerca dos resultados, eu sonhei com ele. No sonho, meu avô pegou a minha mão e disse que eu teria um futuro brilhante.
        No dia 04/02/2013 saiu o resultado do vestibular da Unicamp. Havia passado em Letras, mas não no 'meu curso' perfeito. Como sempre acreditei que nada acontece por acaso e por estar cansada de cursinho/vestibular, me matriculei no curso. Hoje, quase ao final do primeiro semestre, eu não me arrependo da decisão que tomei. Sonho alcançado! Estou na universidade que queria com os mesmos amigos(as) da escola. Conheci muita gente nova e bacana e sinto que estou no caminho certo.
         Em Janeiro, quando ainda nem sabia se tinha passado ou não, participei da minha colação de grau juntamente com a minha família. Foi a primeira vez em que todos nós fomos juntos a um evento. Faltava o meu avô, é claro, mas ele também estava lá em meu e no coração de todos os meus familiares.
        Tudo o que narrei até aqui, teve algum impacto diferente em minha vida. Foram momentos felizes e tristes que me mudaram profundamente. Passei a dar mais atenção a minha família e aos meus amigos. Comecei a cuidar de mim e estou tratando de tudo aquilo que não me faz bem, fisicamente (oi, espinhas!) e internamente. No entanto, a principal lição que tirei disso tudo, foi valorizar a vida e todos aqueles que passam por ela. Aprendi  agradecer por tudo o que tenho e pelos dias que terei pela frente. Sejam eles de sol ou chuva, eu os enfrentarei e esperarei pacientemente pelo arco-iris.

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